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Passear Contigo, Amar e Ser Feliz

Um retrato de Bangkok

01.03.19 | André Maria

Bangkok é uma verdadeira Mixórdia

 

É uma fusão de cheiros, texturas, cores e sabores. É uma multidão enorme e um modo de vida completamente diferente do nosso. A cidade está em contacto com vários canais de água imensamente poluídos que na maioria das horas cheiram a fossa. O calor é intenso e sente-se bem a humidade agarrada ao corpo. No meio de tudo isto existem vendedores de comida ambulantes em cada rua, em cada esquina em cada beco.

Passam dezenas de motas em simultâneo, um aglomerado de carros e pelo meio peões e ciclistas desenfreando pelas avenidas e por toda a parte.

Ali está a dinâmica da vida em que percebemos que somos irrelevantes, insignificantes e que nada gira em torno do nosso umbigo! O pensamento era profundo mas durou pouco.

 Vá, esqueçam o drama, em Bangkok nenhum turista é insignificante! E sabem porquê? Há mais de um taxista por metro quadrado e mais do que dois vendedores por centímetro quadrado. Estou a exagerar? É capaz. Mas acreditem que quando lá forem é com essa sensação que ficam.

E isso é do mais bonito que a Tailândia tem para oferecer!

 

Em que os tuk tuk são o corpo irrequieto da cidade

 

À medida que vais caminhando os tuk tuk e táxis vão encostando no passeio para te abordarem. E dás por ti passado alguns minutos a ignorar o “Tuk Tuk?” ou “Taxi Taxi?” que te vão perguntando. Isto se o teu objetivo for andar em Bangkok a pé.

Caso estejas mesmo interessado em apanhar um transporte publico, depois de um “yes” e dizer o local para onde vais, o segredo está em perguntar sempre um “how much?”, que em português significa “quanto custa?”

Aí entra a parte mais gira. À exceção da comida tudo é negociável. Sabem como fazem os marroquinos nos seus mercados ambulantes em Portugal? Aqui é exatamente igual. Nada tem preço definido e podemos sempre negociar, devendo começar por propor o valor mais baixo possível de forma a subir para o valor justo. No início foi um pouco estranho para nós, mas apanhamos bem o jeito pela coisa e percebemos que afinal de contas faz parte da cultura deles.

Andar de tuk tuk é super divertido, principalmente durante a noite, em que ganham mais vida enfeitados de luzes de várias cores e música bem alta. E o melhor de tudo é que fazer 5km pode custar entre 1€ e 2€ para duas pessoas. Em Portugal sentar num táxi parado deve ficar bem mais caro.

 

 

E o cheiro a comida a alma de um país

 

A comida é bem diferente da nossa, é verdade, mas mais diferente são os hábitos alimentares daquele povo. É curioso, mas a maioria das casas de Bangkok e de vários pontos do país não tem cozinha equipada. Simplesmente não preparam refeições em casa e em alguns casos nem sequer o pequeno almoço.

Isto porque comer na rua é barato, não compensando confecionar, e porque quase todas as famílias têm comércios nas ruas e não têm tempo para a culinária.

Comer na rua é por isso um hábito natural e ao fazê-lo estamos a experienciar a realidade daquele lugar mágico.

O mais estranho é ver um tailandês comer ao pequeno almoço o mesmo que come ao almoço e ao jantar. Não há o pão com manteiga e leite, nem padarias como em Portugal. Comem carne de manhã e mais umas coisas esquisitas que até nos tiram o apetite.

Não foi fácil para nós comer em Bangkok. A comida de rua não era muito do nosso agrado e não fosse a fruta ser divinal teríamos passado mal. Pode parecer estranho, mas nem o famoso pad thai nos fez comer com vontade!

 

 

As tendas cobrem-lhe a pele

 

Já imaginaram estar numa feira infinita? Fechem os olhos e estão em Bangkok! Há mercados em todo o lado. A primeira tenda vende roupa, a segunda bugigangas, a terceira comida, a quarta souvenirs… e a seguir repete tudo de novo. É assim sucessivamente e não tem fim. Os artigos são quase sempre os mesmos mas estão espalhados por milhares de barracas.

Vamos passeando, passeando, passeando e sempre encantados com as coisas, com os sorrisos e com o ambiente feliz! E quando compramos algo sentimos o carinho e o agradecimento espelhado no rosto do vendedor. Eles são todos tão felizes e sorridentes!

Aqui o poder negocial é incrível. Compramos uma tela por 1000 bahts em que o valor inicial pedido foi de 2500. E ficamos com a sensação de que se tínhamos menos dinheiro na carteira ainda ficaria mais barato!

Como os valores destes negócios são mais altos, os comerciantes usam uma estratégia infalível. Para eles é difícil dizer os valores em Inglês e para facilitar a comunicação utilizam uma máquina de calcular para digitar o preço que pretendem e de seguida dão-nos a máquina para apresentarmos a nossa proposta. É original e uma prática bem divertida!

 

Em forma de manto sagrado

 

A cada cem metros há um templo. É como se em Portugal houvesse uma igreja para cada bairro. Todos estes templos budistas são de uma beleza única. Não é preciso perceber muito de religião para sentir a paz daqueles lugares. A cidade é muito suja, mas dentro de qualquer templo a limpeza é evidente. Se fosse cá diríamos que “podíamos comer no chão”!

Como forma de respeito os sapatos são deixados à porta e devemos permanecer sentados contemplando os Budas. Mesmo sendo de outra religião, podes estar ali sentado, como nós estivemos, e embalado naquela paz de espírito orar ao deus que te convier.

A religião é fulcral na vida de todos os tailandeses. Todos os homens têm de ser monges numa fase da sua vida e preparar o seu espírito para a fé budista. Enquanto isso na maioria dos países ocidentais, todos os homens têm de se alistar no exército e de se preparar para defender o país em caso de guerra.

São ideais completamente diferentes, mas não podemos deixar de concluir que a razão está do lado de lá!

É por isso comum ver as pessoas saírem do trabalho e irem aos templos. Eles estão ali, abertos, em cada esquina e qualquer momento lhes serve para o fazer!

 

Há muito mais a dizer sobre este povo único, mas deixo para os próximos posts!

No próximo vou dizer o que fizemos durante um dia e meio em Bangkok!